No dia 08 de abril de 1905, sob o assoalho da velha capelinha do Rosário, morreu, nesta Cidade de Carangola, à mingau de alimento e assistência médica, Camilo Jacinto Maria, sexagenário, mendigo, e enfermo. Que destino cruel, com suas agruras torturantes, arrastou às plagas Carangolenses. A triste e dolorosa ocorrência foi habilmente explorada pelo jornalista Antônio Carlos Themudo, diretor de “O Progressista” que, em sucessivos editoriais de seu semanário, exortou todas as classes do município a fundar uma “Casa de Caridade”, para abrigar e socorrer os abastados da sorte. Encontrando terreno propício, a ideia germinou, e no dia 25 de maio do referido ano, na residência do Dr. Manoel Santino de Castro Lobo, reuniu-se uma comissão composta do Cônego Francisco Sabino de Filó, Vigário da paróquia, Cel. Honório José Pereira, Presidente da Câmara Municipal, Dr. Wladimir Nascimento Mata, Juiz de Direito da comarca, Antônio Carlos Themudo, Diretor de “O Progressista”, e Joaquim Alves Vilela, pela redação de “O Rebate”. Esta comissão encarregou-se a si mesma de levar, de vencida, a tão generosa iniciativa, com o auxílio de todos os habitantes do município, a quem fez veemente apelo por meio dos circulares e da imprensa. Na mesma reunião foram designados 4 subcomissões com as seguintes finalidades: escolha do local da futura sede, elaborar o projeto dos estatutos, angariar donativos e fiscalização dos trabalhos preparatórios. Para obter donativos foram ainda nomeadas comissões em Tombos, Faria Lemos, São Francisco do Glória, Divino de Carangola, São Sebastião da Barra, e Alto do Carangola, conforma consta na ata lavrada por Themudo. No dia 28 do mesmo mês de Maio e a 5 do seguinte mês de junho, reuniu-se a submissão encarregada do local da futura Casa de Caridade, composta dos Doutores: Américo Arnulfo Torres, Aristóteles Dutra e Carvalho, Arthur Marques de Oliveira e Francisco Pedro Monteiro da Silva, dando seu parecer e colocando à disposição os seus serviços profissionais. Themudo secretariou as duas reuniões e lavrou as competentes atas.
Aos assinantes de “O Progressista”, e às pessoas de mais destaque do município, foram distribuídas mais de 500 listas para angariar donativos, que renderam CR$ 1.559,30, sendo recolhidas algumas com uma única subscrição de CR$ 0,30. José Correia de Almeida, comerciante em Faria Lemos, fez cessão de um documento de valor CR$ 4.270,00, e o Capitão Américo Pinto Machado contribuiu com a quantia de CR$ 2.000,00.
Possui, presentemente 52 leitos para indigentes de ambos os sexos e 30 para doentes particulares. Tem em adiantada construção um novo pavilhão de dois pavimentos para indigentes, uma suntuosa e moderna Maternidade de três pavimentos e um lactário.